segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Alvi Ferreyra, negro Seedorf

Porte de galã, barba feita, cabelo alinhado, roupa da moda. Ferreyra, um grandalhão argentino de 1,91m, dois centímetros mais baixo que Loco Abreu, desembarca no Rio tendo General Severiano como destino. É o novo reforço do Botafogo para o combalido setor ofensivo. E a comparação com o recente ídolo alvinegro faz sentido, sim. Não só pela estampa física. Os dois, ao que consta, têm o mesmo estilo de jogo: bater na bola, qualquer jeito que seja, e tentar empurrá-la para as redes outras.

Se esse atacante de 30 anos, que acaba de pousar no Rio de Janeiro, fizer 50% do que o uruguaio grandalhão produziu em menos de três anos no alvinegro, está de bom tamanho. Literalmente. Vídeos no You Tube mostram pouca intimidade com a bola de Ferreyra, simpático, ele próprio, ao apelido de “El Tanque”. Capaz de não conseguir fazer 10 embaixadinhas com o mínimo de destreza dos categóricos. Se tiver a aura de outro "El", o "El Loco", para a artilharia, resolve a desconfiança.

Só que o dia não foi só de gigantes alvos. Teve o outro lado da moeda, aquela parte escurecida que, vez por outra, é melhor não apreciar. Depois de uma semana de férias além do elenco, Seedorf reapareceu. E trouxe a interrogação. Estaria mesmo cravado como o novo técnico do Milan? Não vai, pela primeira vez na carreira, cumprir um contrato até o fim? Parece que as respostas percorrem o íntimo de cada botafoguense. Supersticiosos, sempre, e pessimistas, também sempre, o desenho se revela claro.

Outras dúvidas surgem em sequencia. O valor pago a Seedorf mensalmente seria transferido em uma arriscada aquisição de Forlán? O dinheiro poderia ser utilizado para a contratação de pelo menos três outros reforços, de peso considerável? Afinal, são R$ 700 mil por mês para o naturalizado holandês! Digressões à parte, o técnico novato continua treinando os grupos - o do Estadual e o da Libertadores. Pôs os dois, frente a frente, hoje, na aprazível Saquarema.

E a surpresa é o aproveitamento, novamente, do jovenzinho Daniel, 19 anos. Oriundo do Cruzeiro, ele chegou sem alarde. Ficou ano passado nos juniores e só entrou naquele time reserva que empatou com o Vasco, no segundo turno do Brasileirão. Fez ótima jogada, driblando dois oponentes e batendo em gol. Lance, aliás, repetidas vezes divulgado em reportagens a seu respeito. O comentário de gente que o viu é prodigioso. Exaltam a velocidade e facilidade em ultrapassar as defesas. Tomara!

Enquanto Ferreyra surge, Seedorf pode anunciar a despedida amanhã, e Daniel é uma vertente visionária de craque, o Botafogo está a cinco dias da estreia no Carioca 2014. Vai ser sábado que vem, 18, o primeiro confronto do ano. E em Volta Redonda, palco da conquista do último título. E contra o Resende, goleado na semifinal da Taça Rio, de 2013, impiedosamente por 5x0. Resende de Elias, nosso atacante de meados até o fim do Brasileirão. E que não sabe se fica ou se vai, 10 gols depois. As dúvidas, ah, as permanentes e companheiras dúvidas...

Álvaro Marcos

Um comentário:

  1. Texto, como sempre, muito bem escrito, caro Álvaro. Quanto ao assunto, como eu disse no meu post sobre a aposentadoria de Seedorf como jogador e justo no Botafogo, isto é sinal de novos tempos, como foi quando o Loco saiu e o Seedorf chegou. Perdemos a classe do surinamês naturalizado holandês Clarence Seedorf, mas agora teremos o "El Tanque" Ferreyra (argentino) e, provavelmente, o Zéballos. Sem contar o uruguaio Lodeiro, que não sabemos se fica. O Bolatti, argentno também. E ainda pode chegar o Forlán, também uruguaio. É disto que precisamos, de uma legião estrangeira para entrarmos com força na Libertadores! Não vejo a hora de chegar o dia 29 logo. E no dia 5/2 estaremos no Maraca torcendo pelo nosso Fogão! Sem desanimar! Vamos Fogão! Vamos ser campeões!

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