quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Em uma das últimas entrevistas antes de morrer, há pouco mais de 30 anos, Garrincha chama Pelé de safado e diz que ele tinha sorte

Garrincha mostra com orgulho o retrato do filho sueco, Ulf, dominando uma bola com a perna direita.

Todo mundo conhece as polêmicas de Maradona com Pelé. Recentemente, o "Rei do Futebol" concedeu entrevista ao Esporte Espetacular, na qual fala sobre Messi. Diz que o craque argentino do Barcelona precisa fazer muito ainda para chegar aos pés dele. Também não ouso comparar Messi a Pelé. Maradona tudo bem. Mas uma das mais injustas comparações é a que fazem entre Garrincha e Pelé.

A Revista ESPN de novembro, especial do aniversário de três anos da publicação, que chegou às bancas na terça-feira (6), traz uma grande reportagem com Garrincha, onde o craque do Botafogo e da Seleção Brasileira chama, num tom de brincadeira, Pelé de "safado". Mas como toda brincadeira tem um fundo de verdade... Garrincha também diz que Pelé tinha muita sorte. "Ele era oportunista. A bola sempre sobrava prá ele", fala Garrincha.

Alguns poderão dizer que era inveja, afinal Garrincha morreu cedo e Pelé acabou fazendo sucesso. E é isso que pretendo mostrar aqui. Como o Garrincha é tratado como marginal e Pelé, como o arauto da moralidade. Soube, por alto, que o Paulo Vinicius Coelho, o "PVC", da ESPN, disse que Garrincha não era esse "coitadinho" todo que pintam. Pelo contrário. Ele ganhou muito dinheiro.

Agora eu pergunto. E daí que ele ganhou muito dinheiro? Dane-se! Quanta merda ganha muito dinheiro hoje. E para usar um artifício que os flamenguistas usam: Garrincha é Garrincha! Com esta entrevista eu passo a gostar mais de Garrincha. Confesso por tudo que diziam dele, eu exitava em tê-lo como ídolo. 

Talvez por ser distante, de não tê-lo visto jogar, mas o certo é que não reconhecia em Garrincha um ídolo. Meus ídolos foram mais recentes, quem eu vi jogar, que foram Maurício, Paulinho Criciúma, Josimar, Alemão, Túlio Maravilha, Gonçalves, Dodô, Loco Abreu e, agora, Jéfferson e Seedorf, entre outros.

Mas esta entrevista realmente dá o tom do que foi Garrincha, uma pessoa pura e doce, até ingênua. É impressionante como ele não se coloca como o maior, como faz o "Rei". Garrincha fala uma coisa interessante nesta entrevista, que dizem que em 1962 ele ganhou a Copa sozinho, mas que dizem isto porque ele fez gols. Mas que em 58 ele acha que jogou mais.

Outra coisa. Quando perguntado o melhor ponta direita que ele viu jogar. Ele diz Jairzinho. E não se coloca como tal. Uma diferença enorme de caráter. Uma pessoa com problemas? Sim. Mas uma pessoa que tinha consciência de que não podia mais beber. Não é esse coitadinho, PVC! Mas também não é esse marginal como as pessoas o tratam.

Não queiram imputar a Garrincha a pecha de fracassado. Ele chegou ao seu auge. Jogou muito. Todo mundo tem o direito de errar. De ser "gauche" na vida. Nem todo mundo nasceu para o sucesso. Para ser almofadinha como muitos da televisão. Garrincha foi um anjo torto, uma estrela cadente que brilhou no céu e sumiu, mas deixou um rastro de felicidade na alma dos botafoguenses.

Como é bom ser Botafogo! 

Adnet encara o espírito do botafoguense bem humorado, de bem com a vida!

Lendo esta entrevista (http://espn.estadao.com.br/noticia/291029_ESPN) e lendo também esta reportagem (http://globoesporte.globo.com/bau-do-esporte/noticia/2012/11/meu-jogo-inesquecivel-o-grito-de-libertacao-de-adnet-ovelha-alvinegra.html) com o Adnet é que a gente vê como é bom ser botafoguense. Cada torcedor tem uma maneira de orgulhar de seu time. Mas nós botafoguenses temos de ter mais orgulho ainda. Pois somos muitos humilhados. Como disse o Adnet, sofremos bullying para trocarmos de time.

Minha filha mesmo ontem vendo o jogo do São Paulo falou: "Alá papai o Fluminense!". Eu falei: Não, minha filha. É o São Paulo. Ela tem uma cisma com o Fluminense. E perguntou: "Papai Fluminense é ruim?" Eu falei. Não, minha filha, Fluminense é bom, mas Botafogo é melhor!

Tinha de ter dito que Fluminense era ruim. Porque Flamengo e Vasco ela sabe que é ruim. Mas eu até acho charmoso menina ser tricolor. Mas tenho de para com isso. Minha filha tem de ser botafoguense.

Para ver jogo, ir no estádio comigo. Viver o botafoguismo na família. Eu quando era novo também me encantei com o São Paulo de Telê, com o Palmeiras da Parmalat. Vesti a camisa do Fluminense na escolinha do Campos. E a do Flamengo, forçado por meu avô materno. Mas, assim como Adnet, em 89 soltei o grito de é Campeão e de "Sou Fogão!".

Agora, mais que nunca, sou Fogão! Pela entrevista do Garrincha, pela reportagem com o Adnet. Pela rápida recuperação do Seedorf. Por saber que a Juventus que nos forçou a usar a camisa do La Coruña, que deu certo em 96; estar sempre interessada em jogadores do Botafogo. Ano passado foi o Élkeson. Agora é o Dória.

Por termos Gabriel, um garoto precioso. O melhor amigo de Seedorf, que descobriu seu futebol e o revelou para nós que, surpresos, ficamos encantados. Ah, como é bom ser Botafogo!

Escrito por Wesley Machado.

Um comentário:

  1. Acho até que ele fez um elogio a Pelé.

    A mesma coisa a imprensa dizia de Túlio Maravilha. A bola sempre o encontrava.
    Com uma ajudazinha do Pantera...

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