terça-feira, 29 de março de 2011

Botafogo F. R.: sinônimo de alegria e tristeza, por Marcolino Antonio Gonçalves

"Estimados (e sempre fiéis) leitores. Um ótimo domingo para todos. Hoje, contrariando o meu estado de espírito quando pego na caneta para escrever as minhas crônicas, o meu estado d’alma não está nada legal. É fácil de explicar, meus amigos e amigas: botafoguense que sou, e de qual muito me orgulho, dia desses vi pela tevê a enciclopédia Nilton Santos recebendo uma mais do que justa homenagem por tudo que fez pelo futebol carioca e nacional. Ele, segundo quem o viu na ativa, foi craque para ninguém botar defeito e jogava mais que todos esses atuais jogadores do Botafogo juntos! Não falo isso por despeito, é a pura verdade e a nossa posição na tabela do Campeonato Brasileiro comprova isso. Só não vê quem não quer.

No entanto, o que me deixou alegre e triste ao mesmo tempo foi constatar a fragilidade do ex-atleta. Visivelmente consumido pela doença e pela inexorabilidade da velhice (a pior de todas elas), mesmo assim jamais deixará de ser o maior exemplo para todos aqueles que amam de coração o time da Estrela Solitária – único clube que defendeu em toda sua gloriosa carreira futebolística e que atualmente caminha sobre a corda bamba do temível rebaixamento, não sendo essa a primeira vez.

No domingo passado, empatamos de 2x2 com um dos nossos mais tradicionais rivais, o CR Flamengo. E não foi um bom resultado, porque devido à nossa situação, não podemos nos dar ao luxo de “entregar” de bandeja um jogo praticamente ganho. Ah! Bons tempos aqueles do lendário goleiro Manga! Às vésperas do clássico citado acima, na maior cara de pau ele chamava a esposa e, indo ao comércio do bairro em que morava, faziam uma compra colossal! Ao chegarem no caixa carregados de embrulhos, ele simplesmente chamava o gerente e dizia:

-Pode botar na minha conta. Amanhã é dia de jogo contra o Flamengo, nosso antigo freguês. Prometo que na segunda-feira pago tudo com o dinheiro do “bicho”. E saíam rindo, ele e a mulher, sob os olhares espantados dos presentes...

Com certeza vocês estão afoitos para saberem o final dessa história, né não? O que eu posso dizer é que os débitos sempre eram religiosamente quitados, e o Manga jamais foi chamado de caloteiro pelos comerciantes seus credores...

Em tempo: Ia me esquecendo de dizer que naquela “seleção” ainda tinha Garrincha, o nosso Didi, Zagallo, Zé Maria, Quarentinha... E agora temos isso aí... É ou não é uma grande sacanagem?!..."

Texto publicado na edição do Jornal Monitor Campista de 26 de julho de 2009.

Homenagem em memória de Marcolino Antonio Gonçalves.

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